Informativos - 28/01/2025
Apresentação
Quando nos referimos ao termo bullying, não há como dissociá-lo do espectro de violência que o embala. A violência, um dos problemas mais difíceis com que a sociedade e, particularmente, as nossas escolas hoje se defrontam, também tem sido objeto de preocupação da APROFEM.
Nesse sentido, tal preocupação pode ser comprovada pela participação da APROFEM em diferentes frentes e instâncias, a saber: elaboração de documentos oficiais da Secretaria Municipal de Educação, verbi gratia, a Indicação CME nº 03, de 19/10/2000 – Solidariedade comunitária e saúde integral; realização de Congressos, Cursos de Formação Sindical e Cursos a Distância, via internet; estabelecimento de parcerias em eventos realizados na Câmara de Vereadores e a publicação de encartes no Jornal APROFEM são algumas das formas encontradas por nossa Entidade para auxiliar os educadores na reflexão sobre práticas a serem adotadas frente aos conflitos entre estudantes no interior das escolas.
Ao disponibilizar a presente sugestão de trabalho aos educadores, nossa expectativa é a de que ela sirva como ponto de reflexão inicial de um projeto a ser elaborado, ou já elaborado, pela Unidade Educacional que assim entendê-lo. Muitos dos atos de intolerância ao diferente e de conflitos entre estudantes de diversas idades são chamados atualmente de bullying. Esses atos de agressão ocorrem sob as mais variadas circunstâncias sociais e, de maneira geral, vinculam-se a diferenças relacionadas à cor, tipo físico, gênero, religião, procedência geográfica, situação econômico-financeira, entre outras, incluindo, até, aqueles direcionados a pessoas com deficiência.
Na proposta de atividade ora sugerida, bullying é entendido como “qualquer tipo de agressão e constrangimento, com a intenção de inferiorizar alguém; é indiscutivelmente errado e gera consequências péssimas para a saúde mental das pessoas’ […]. ‘É um termo em inglês usado para descrever um ato de violência física, verbal e/ou psicológica, sendo intencional e repetitiva. Tal prática, na maioria dos casos, está ligada ao contexto escolar, representado por violências físicas, verbais e atitudes pejorativas, que buscam prejudicar a imagem de outra pessoa”.1
Documentos, matérias em jornais, projetos de lei têm defendido a ideia de que, nesses casos, é necessário identificar o agressor e a vítima, visando ao encaminhamento adequado em ações dessa natureza. De nossa parte, oportuno aqui registrar que esta e outras questões têm dividido educadores, psicólogos, juristas, entre outros. Seria este um fenômeno dos tempos modernos? Estariam nossos jovens, adolescentes e crianças mais violentos que os das gerações anteriores? O que estaria causando tais comportamentos? Como tratar, agir em tais casos? Como abordar esse tema em reunião de pais?
A presente proposta constitui-se numa sugestão de trabalho disponibilizada aos Educadores, na expectativa de que cada Unidade Educacional elabore o próprio projeto, visto que, cada uma tem realidades específicas. Nosso objetivo é contribuir para que educadores, alunos e a própria família do educando discutam esse tema controverso e que está, mais do que nunca, na ordem do dia. Que, além da promoção de debates a serem realizados, reflitam sobre questões, próprias do “universo bullying”: como se originam ações consideradas violentas? Em que condições sociais, políticas e educacionais tais fatos acontecem? Como as crianças, os adolescentes e os adultos constroem seus valores? Como os diferentes atores sociais contribuem para que conflitos e atos de intolerância aconteçam? Como nós, adultos, podemos enfrentar o desafio do individualismo e da intolerância ao diferente? Efetivamente, que tipo de trabalho pode ser desenvolvido com a família no enfrentamento da questão bullying ?2
Como, enfim, as instituições educacionais públicas ou privadas, de alto padrão ou não3, podem contribuir para conter ou diminuir, ainda que de forma intermitente, a prática do bullying, evitando assim que a vida de crianças e jovens sejam precocemente ceifadas?
Ao disponibilizar esta proposta aos educadores (formatada por diretores da APROFEM, sob a coordenação do Professor Arnaldo Ribeiro dos Santos), nossa expectativa é que ela suscite a reflexão sobre a intolerância às diferenças, traduzidas no que hoje é tratado como bullying. Destarte, em razão de a violência não ser um processo natural, mas construído e, se construído, poder ser desconstruído, é que elaboramos a presente sugestão de atividade escolar.
Bullying: um desafio que a família, a escola e a sociedade, juntas, precisam enfrentar.
Prof. Ismael Nery Palhares Junior
Presidente da APROFEM
1- Ver mais a respeito em BRASIL. UNICEF. Bullying e Violência Escolar: suas consequências e como combatê-las. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/blog/bullying-e-violencia-escolar - Acesso em 23/09/2024.
2- A Lei nº 9.394/96, que “Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, aponta: Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. [...] Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. [...]
3- Em 2024, o estado de São Paulo defrontou-se com três graves ocorrências apontadas como prática de bullying. Destas, duas ocorreram em escolas particulares de alto padrão e outra em uma escola estadual. (A descrição de tais eventos encontram-se no início da proposta de trabalho por nós apresentada sob o título “VIDAS PRECOCEMENTE CEIFADAS”).
APROFEM